O coordenador do curso de Ciências de Comunicação da Universidade de Cabo Verde (Uni-CV), Silvino Évora, considerou hoje “um desafio” trabalhar com a Inteligência Artificial (IA) no jornalismo, sendo que é entendido, sobretudo, como uma profissão intelectual.
O jornalista e professor universitário teceu estas considerações à Inforpress, à margem de uma conferência sobre “A profissão docente: Inovação pedagógica e desenvolvimento Profissional”, que decorreu nas instalações da Uni-CV, no Palmarejo, Praia, e em formato virtual através da plataforma Microsoft Teams.
Silvino Évora justificou a sua afirmação alegando que desde “muito tempo” o jornalismo é visto como uma profissão de intelectualidade, mas que, de repente, está-se a transformar uma parte dessa intelectualidade para a produção maquinal.
“Em Cabo Verde ainda estamos num processo inicial, porque a IA ainda está a ser utilizada mais como um instrumento que assessora o jornalista. Por exemplo, o jornalista precisa de fazer a tradução de um texto em língua estrangeira, ele recorre a ferramentas de inteligência artificial que fazem essa tradução”, frisou.
Por isso, o docente e investigador recomendou uma discussão à volta do tema, para se perceber até onde pode ir essa coabitação e até onde não deve ir.
Indicou, neste caso, que a conferência teve como objectivo explorar como a inovação pedagógica surge como resultado da formação contínua, permitindo aos docentes implementar metodologias inovadoras que tornam o ensino mais dinâmico e centrado no aluno.
O evento teve ainda como propósito discutir metodologias que os professores podem implementar nas suas práticas, fomentando um ensino mais dinâmico e centrado no aluno e como a inteligência artificial pode ser utilizada para apoiar os docentes.
Segundo Silvino Évora, nas universidades internacionais há já muita preocupação em saber como é que está a se estruturar o sector da comunicação social e como é que se estrutura o ensino da comunicação na agenda, actualmente, em que há uma interpenetração entre o conteúdo produzido pelo jornalista e o conteúdo produzido pela máquina.
“Por exemplo, um estagiário acaba o curso, por regra não pode colocar a voz numa reportagem, mas nós temos a inteligência artificial a criar vozes sintéticas que reproduzem o texto noticioso quando há limitações em que o ser humano não pode ir. Portanto, nós já temos o problema, diria eu, da entrada dessa coabitação”, finalizou Silvino Évora.
A conferência “A profissão docente: Inovação pedagógica e desenvolvimento Profissional” contou com a participação de especialistas na área da educação a nível nacional, do Brasil e Portugal.