Celebra-se, no dia 1 de Fevereiro, o Dia Nacional de Talaia Baxu uma das mais icónicas expressões culturais da ilha do Fogo e da diáspora cabo-verdiana. A data será celebrada com uma gala musical, nos Estados Unidos da América.
A gala contará com actuações de artistas como Morgadinho, Pepe Bana, Manny Monteiro, Bidonga, Michel Montrond, Nho Nani, Talulu e Quirino.
O Dia Nacional de Talaia Baxu será celebrado ainda com um programa que inclui: Diálogo intergeracional, reflexão sobre o impacto e a preservação do Talaia Baxu. O evento é realizado pela diáspora cabo-verdiana nos Estados Unidos da América, através dos promotores do B3 Events.
Segundo uma nota do B3 Events, esta iniciativa é uma oportunidade de homenagear os mestres, intérpretes e todos aqueles que mantêm viva esta herança imaterial.
“A iniciativa reflecte o compromisso de Cabo Verde em preservar e valorizar o seu património cultural, ao mesmo tempo que fortalece o sentimento de identidade e orgulho nacional, tanto no arquipélago como nas comunidades da diáspora”, realça.
O evento contará com o apoio de instituições culturais, autoridades locais e autoridades governamentais cabo-verdianas, com vista a assegurar uma celebração vibrante e memorável.
A cerimónia de celebração será presidida pelo presidente da Câmara Municipal dos Mosteiros, Fábio Vieira, e contará com intervenções da Senadora do Massachusetts, Liz Miranda, do Council President of Brockton City Hall e Presidente da Associação dos Cabo-verdianos do Brockton, Moisés M. Rodrigues, e da Representante Capeverdean American Community Development of Rhode Island, Ineida Rocha.
A mesma fonte indica que este estilo musical, nascido no final do século XIX no concelho dos Mosteiros, continua a ser um reflexo profundo da alma e da história do povo foguense.
“Com raízes que atravessam gerações, o Talaia Baxu destaca-se pela sua singularidade rítmica e melódica, transportando os ouvintes a uma época de resiliência e criatividade cultural”, frisa.
Originário no final do século XIX, no concelho dos Mosteiros, este estilo musical reflecte a alma do povo foguense, com uma sonoridade espontânea, profunda e inovadora.
Ao longo das décadas, Talaia Baxu consolidou uma identidade própria, marcada pela fusão de influências locais e internacionais, utilizando instrumentos como o violino, a guitarra, o cavaquinho e o reco-reco, além de uma melodia que combina improvisação e tradição oral.
Com o tempo, o Talaia Baxu tornou-se um símbolo identitário da ilha do Fogo e da cultura cabo-verdiana, expressando os sentimentos de saudade, o cotidiano e as histórias do povo, tanto em Cabo Verde quanto na diáspora. Ao longo do século XX, músicos de renome como Minó de Mámá, Botista Lima, Bina Manzinha, entre outros, contribuíram para a visibilidade e o prestígio deste género.
A popularização da música através de gravações e discos permitiu que Talaia Baxu se espalhasse além das fronteiras nacionais, ganhando reconhecimento internacional, avança Expresso das ilhas
Nos anos 1970, o género solidificou-se como uma das principais manifestações culturais de Cabo Verde, com o trabalho de artistas como José Laço, Frank Mimita, Luís Morais e o grupo Os Apolos. Artistas contemporâneos, como os Mendes Brothers e Bocarron, continuam a promover e internacionalizar Talaia Baxu, perpetuando seu legado através de novas interpretações.
Em homenagem à sua importância histórica, cultural e artística, foi instituído o Dia Nacional de Talaia Baxu, celebrado no dia 1º de Fevereiro, data de nascimento de Bina Manzinha, uma das mais notáveis intérpretes e compositoras deste género musical.
Este dia visa não apenas prestar homenagem aos músicos e intérpretes que preservaram e divulgaram a Talaia Baxu, mas também sensibilizar as novas gerações para a importância de continuar a criar, cantar e valorizar esta arte musical.