
O processo para a obtenção de visto tem sido um dos principais entraves para artistas que desejam realizar digressões nos Estados Unidos, alertou hoje Priscilla Santana, profissional do mercado musical em Nova Iorque.
Priscilla Santana participa de uma conferência intitulada “How to tour in the USA”, no âmbito do Atlantic Music Expo (AME) 2025, na Cidade da Praia.
Em declarações à Inforpress, Priscilla explicou que o processo de solicitação de visto artístico é “complexo, dispendioso e, muitas vezes, imprevisível”.
“O processo é custoso e não há garantia de que será aprovado, mesmo com a ajuda de advogados especializados”, afirmou.
Além da questão do visto, Priscilla identificou outros desafios enfrentados por artistas internacionais, como a dificuldade em encontrar o público certo, festivais adequados e espaços que se alinhem com a sua identidade musical.
O mercado norte-americano, por ser vasto e diversificado, exige um mapeamento estratégico de nichos, o que pode ser difícil para quem está a iniciar a sua internacionalização, completou.
Ela destacou também a importância de trabalhar com um agente musical que conheça profundamente o cenário local e possa orientar o artista na construção da sua trajectória nos Estados Unidos.
Outro ponto levantado foi a ausência de um Ministério da Cultura nos EUA, o que, segundo a mesma fonte, limita o acesso a políticas públicas de incentivo à cultura.
Ao contrário de países onde o governo oferece apoios financeiros e logísticos para a internacionalização artística, nos Estados Unidos esse apoio vem, em grande parte, de fundações privadas, ONG e empresas patrocinadoras.
Apesar das dificuldades, Priscilla acredita que há espaço para oportunidades. “Esse modelo tem as suas limitações, mas também oferece caminhos para artistas internacionais se conectarem com o público americano e expandirem as suas carreiras”, frisou.
Questionada sobre o papel do Atlantic Music Expo nesse processo, ela afirmou que o AME é uma plataforma essencial para a visibilidade da música cabo-verdiana no exterior.
“O AME permite que artistas locais estabeleçam conexões com profissionais do mercado global e encontrem novas portas para as suas carreiras”, acrescentou.
Como mensagem final aos artistas, Priscilla Santana aconselhou-os a serem “persistentes, pacientes e organizados”.
Para ela, apesar do caminho ser longo e cheio de obstáculos, é possível superá-los com foco, estratégia e confiança no próprio talento e conquistar o seu espaço.