​Livro “O Campo de Concentração do Tarrafal – 1936-1954” apresentado em Portugal

Tarrafal de Santiago o lugar do Campo de Concentração.

O livro “O Campo de Concentração do Tarrafal – 1936-1954”, dos autores José Soares e Luís Gomes, será apresentado esta quinta-feira, 30, no CCCV – Centro Cultural de Cabo Verde, em Portugal. A apresentação estará a cargo de José Pedro Nunes Soares.

Durante a apresentação do livro, estarão expostas as fotografias sobre o campo de concentração, da autoria do fotojornalista António Cotrim. As fotografias podem ser adquiridas pelo público, sendo que a receita é destinada ao Centro Social 6 de Maio.

Segundo uma nota enviada, o objectivo principal da obra é, por um lado, analisar as causas que levaram à construção do Campo de Concentração e o quotidiano dessa prisão, durante os dezoito anos do seu funcionamento e, por outro lado, apresentar uma proposta para a sua reabilitação urbana, ou seja, como potencializar o espaço e dar-lhe novo uso para poder ser melhor aproveitado pelos utentes.

A mesma fonte relata que, ao nível específico, a obra pretende analisar e caracterizar os seus antecedentes e, posteriormente, a vida quotidiana dos presos, no intuito de dar a conhecer aos leitores, e principalmente à população do Concelho do Tarrafal, aquilo que foi realmente o Campo de Concentração e a importância que o Concelho teve na história da política do Estado Novo.

“Também, dentro dessa linha, pretende-se explicar o porquê da escolha do Tarrafal para essa construção e qual é a imagem que a opinião pública, principalmente aquela que não conhece o concelho do Tarrafal, tem do mesmo, através dos testemunhos deixados pelos reclusos que ali estiveram”, indica.

Pretende-se, ainda, em termos concretos, criar um ponto de referência para o município do Tarrafal de Santiago, dinamizando a actividade económica local, criar um espaço com características acolhedoras e confortáveis para os utentes, recuperá-lo, convertendo-o em zona de socialização e transformá-lo num ponto de encontro da população local e da sociedade em geral, promovendo assim a sua valorização enquanto património cultural.

Esta obra incluir inda uma breve reflexão sobre a história política e social portuguesa na época salazarista e, consequentemente, a história e o funcionamento dessa instituição prisional.

“Pretende-se apurar: o porquê da construção do Campo de Concentração no Tarrafal; quando foi construído; quem o mandou construir; quem o construiu; a razão da escolha do sítio do concelho em que o mesmo foi construído; qual foi a reação da população local à chegada dos reclusos; quantos reclusos foram para Tarrafal durante o seu funcionamento; quais eram as suas origens e os motivos das suas deslocações”, prevê. 

Por outro lado, a obra propõe-se saber qual era o quotidiano dos reclusos ao longo desses anos, nas suas diversas facetas. “Tenciona-se, ainda, transmitir a ideia de que o Concelho do Tarrafal não foi aquilo que foi divulgado pelos presos que passaram pelo Campo de Concentração, como sendo o pior dos piores sítios de Cabo Verde, mas sim, que o Tarrafal foi e continuará a ser um dos melhores lugares, da maior ilha de Cabo Verde, lugar que Salazar escolheu para fazer calar os seus inimigos políticos” reporta Expresso das ilhas.

Conforme a mesma fonte, com este trabalho pretende-se apresentar uma proposta para a reabilitação urbana do ex-Campo de Concentração, que será analisada na vertente da melhoria das características físicas do espaço e das suas consequências sobre o tecido económico e social.

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