
Organização das Mulheres de Cabo Verde apontou hoje, na Praia, a implementação das políticas públicas de igualdade de género como um dos principais desafios, alertando que a baixa participação política das mulheres será uma preocupação nos próximos tempos.
Estas afirmações foram proferidas pela presidente da Organização das Mulheres de Cabo Verde (OMCV), Eloisa Cardoso, em declarações à Inforpress, na Praia, por ocasião do Dia Internacional das Mulheres que se assinala anualmente a 08 de Março.
Conforme adiantou, há avanços significativos alcançados pelas cabo-verdianas nos últimos 50 anos da independência, com ênfase no empoderamento económico e na participação na vida política e social do país. No entanto, alertou haver ainda desafios a superar para garantir a plena igualdade de género.
“Temos melhorias significativas nessas áreas, principalmente na questão política com a Lei da Paridade, mas ainda está aquém daquilo que nós realmente almejamos e é continuar a trabalhar, é continuar a ter sensibilização de capacitação nas comunidades para que as mulheres possam realmente dar esse passo e ter melhor possibilidade de participar”, considerou.
Cabo Verde, sublinhou Eloisa Cardoso, em termos de legislação está avançado, com a Lei da Paridade e a Lei contra a Violência Baseada no Género (VBG), mas a execução continua aquém do desejado.
Daí ser “fundamental” garantir um seguimento mais eficaz para que essas leis tenham um impacto real na vida das mulheres, acrescentou.
A presidente da OMCV também frisou a necessidade de maior envolvimento da sociedade civil na implementação dessas políticas, defendendo que as organizações não governamentais desempenham um papel crucial na protecção das populações vulneráveis e na promoção da igualdade de género.
Entre os principais desafios futuros, indicou ainda a necessidade de reforçar o empoderamento económico das mulheres, combatendo a informalidade laboral e ampliando o acesso ao crédito e à propriedade de terras.
“Ainda temos muitas mulheres no sector informal, muitas mulheres com pouco acesso ao crédito, por exemplo, poucas mulheres detentoras de terras, que é um meio para também ter uma liberdade de trabalho e de rendimento”, ressalvou aquela responsável.
Destacou também a violência baseada no género como uma questão “preocupante”, sublinhando que a OMCV tem actuado com campanhas de sensibilização sobre assédio e importunação sexual, além de prestar apoio jurídico e assistência social às vítimas.
“A sociedade cabo-verdiana precisa de um maior esforço colectivo para promover a igualdade de género. Não é apenas uma responsabilidade do Governo, mas de todos os sectores”, concluiu Eloisa Cardoso.
A presidente da OMCV lembrou que as mulheres cabo-verdianas ampliaram o seu papel na sociedade, deixando de ser apenas cuidadoras para ocuparem espaços no mercado de trabalho como nas forças armadas, na polícia e em cargos de decisão política.
E, ajuntou, a OMCV continua a desenvolver iniciativas para garantir que as mulheres cabo-verdianas tenham cada vez mais oportunidades e direitos, reforçando o seu papel na construção de uma sociedade mais justa e equitativa.